
A história que compartilho com vocês hoje aconteceu a muito tempo atrás. Na verdade o meu nascimento ainda não tinha acontecido e minha alma ainda não fazia parte desse perverso mundo sujo. Minha avó costumava me contar essa história antes de me colocar para dormir, por isso sei contá-la tão bem e com tantos detalhes. Eu cresci ouvindo essa trágica e atormentadora história que aconteceu com a minha avó quando ela era criança. Agora, vou compartilhar a dor que ela sentiu com vocês, leitores...
Era natal. Todas as pessoas da família de minha avó estavam reunidas para celebrar essa data maravilhosa. Minha avó era uma simples e ingênua garotinha de 10 anos, que esperava ansiosamente pela chegada do papai Noel, e automaticamente, pela chegada de seu presente. A ceia de natal estava em cima da mesa. Guloseimas para todos os gostos. Minha avó dizia que era tudo que uma garotinha de 10 anos desejava. Doces e salgados de todos os tipos A família sempre foi muito rica, e os natais sempre tinham fartura. A árvore de natal estava decorada com luzes de todas as cores e estrelinhas de todos os tamanhos, a enorme casa dos Johnson´s estava coberta de enfeites luminosos que chegavam a emocionar! Todas aquelas cores, contrastando com as cores mortas do resto da vizinhança. Parecia até que, ao chegar perto da grande casa iluminada, seus sonhos se tornavam realidade e o mundo deixava de ser tão mórbido e escuro. Era muita luz, muita cor, muita alegria ( E é interessante como a maioria dos Johnson´s associava felicidade às cores vivas e iluminadas. Talvez isso ocorresse devido a frieza de seus corações, que precisavam de algo para apoiar e dizer: isso é felicidade! Eu não a tenho, mas a produzo.)
Em geral todos estavam felizes, aguardavam a chegada do bom velhinho com imensos sorrisos estampados na cara. Todo mundo estava esperando que o papai Noel chegasse pela chaminé trazendo ainda mais felicidade e vários presentes. Mas o problema é que o tio Augusto Johnson, que se vestia de papai Noel todos os anos, tinha outros planos para aquela importante noite. Ele, há alguns meses atrás, havia pedido um empréstimo para o pai de minha avó, e por Augusto não ter pago o empréstimo, o pai de minha avó teve coragem de pegar todos os seus bens, deixando Augusto apenas com um pequeno apartamento mal acabado. Augusto nunca superou isso, e por alimentar durante todos esses meses seu sentimento de frieza e vingança, ele havia resolvido se vingar brutalmente da família toda. E qual ocasião melhor para isso do que a noite de natal ?
Augusto sempre foi um homem fracassado. A família, apesar de rica, nunca o ajudou muito. O pai de minha avó, Eric Johnson, sempre o tratou como um mendigo que estava na família para sujar a reputação de todas as gerações Johnson. Ele o desprezava e sempre desejava que, um dia, Augusto simplesmente pegasse suas coisas e sumisse daquela cidade. O empréstimo que Eric havia dado para Augusto foi o único ato de bondade que Ele realizou em toda a sua vida, e mesmo assim, não foi tão “bondoso” assim...
Bem, todos estavam esperando a chegada do tio Aug...quer dizer, do papai Noel. Minha avó estava contando os minutos para ver o bom velhinho, o que ela não sabia era que seu tio estava afim de estragar tudo. Quando as luzes se apagaram e a música de natal começou a tocar, todos os olhinhos brilhantes dos Johnson´s se voltaram para a chaminé. A espera era única, todo mundo naquela imensa casa feliz estava esperando por esse momento. A escuridão da casa durante aqueles segundos fazia com que o suspense tornava-se algo predominante. A felicidade e o medo pairavam juntos sobre as almas de todos eles. O papai Noel viria, todos sabiam disso, mas por algum motivo as pessoas naquela casa tinham medo do que podia acontecer. O pessimismo imperava naquela família.
Apesar de parecer uma família feliz, só o que tinham era amargura e pessimismo. Seus corações estavam cheios de tristeza e maldade. Esperavam o pior acontecer a qualquer momento. E o pior aconteceu...Em meio a toda aquela situação surgiu uma figura negra oculta pela escuridão da terrível e enorme casa dos Johnson´s. Mas não era o papai Noel, era algo mais! – Minha avó não conseguiu descrever com perfeição aquela coisa, pois as luzes estavam apagadas e ninguém conseguia ver nada! Tudo que minha avó se recordava era que, de dentro da criatura, saio fogo. E o fogo queimou toda a casa. A linda árvore de natal agora contava com um elemento extra, o fogo. Um tumulto desesperado em toda a casa tomou conta daquela noite feliz. Cada um preocupou-se com seu próprio umbigo e frisou sua fuga individual da casa incendiada. Ninguém ajudou ninguém. A última coisa que minha avó se lembrava era de ver, com seus próprios olhos assustados, a morte de seu pai, que morreu incendiado junto ao cofre de sua casa. Sua morte aconteceu pelo simples fato de ele resolver voltar, quando já estava lá fora, para salvar seu dinheiro. O sonho de natal dos Johnson´s havia acabado e junto com ele a esperança da felicidade.
O fogo queimou toda a casa. Não sobrou nada da imensa fortuna da família. Tio Augusto nunca foi encontrado, mas ele enviou uma carta esclarecendo toda a situação e desejando um feliz natal.
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